O Projeto de Lei 2125/2020, aprovado ontem, 07 de julho, como todos votados pela Alerj neste momento de pandemia, trata de ações que têm a ver com a COVID 19. O projeto aprovado estabelece necessidade de horários específicos, com exclusividade para idosos e deficientes físicos, para abertura de supermercados e farmácias. O deputado Luiz Paulo, durante o debate sobre o projeto, reflete sobre o momento de radicalização, em que posições extremadas se apresentam, polarizando, de forma desmedida, as discussões e fazendo perder o foco, colocando em risco aquilo que interessa à população real. Seguem trechos da fala:
A radicalização
“Há momentos em que saio deste parlamento muito animado com avanços aqui produzidos. Na média, é até a maioria das vezes, mas há dias que saio daqui desanimado, porque me vem à cabeça sempre o falecido Stanislaw Ponte Preta, o famoso criador da frase que dizia que o Brasil, no período da ditadura, vivia o FEBEAPA – Festival de Besteiras que Assola o País. Infelizmente, continuam a assolar. Esclarecendo: dói-me nos ouvidos e no coração ouvir parlamentar dizer que voto a favor ou contra determinada situação coloca sangue nas mãos. Sangue nas mãos, muitas vezes, têm aqueles que usam arma indiscriminadamente à guisa de se proteger.
E as mãos tintas de sangue são realmente quais?
E quais podem ser as mãos realmente tintas de sangue? O presidente da república, que muitos idolatram, na pandemia do Covid-19, poderia assim estar pela quantidade de mortes e sofrimento que, devido à negação da COVID 19, atingem a sociedade brasileira. O governador do Estado, que, em período de pandemia, associou-se à corrupção na área da saúde, seguramente poderia estar com as mãos tintas de sangue. O prefeito do Rio de Janeiro, por sua incompetência e por liberar prematuramente todas as atividades da cidade, sem nenhum controle efetivo, poderia estar com as mãos tintas de sangue. Aqueles que divulgam a pseudoliberdade, de que todos poderiam cheirar à vontade o branco da cocaína, sujam as mãos de sangue.
É preciso conhecer as necessidades mais básicas da população
Esses pseudo-libertários, na verdade, não conhecem nem a cidade do Rio de Janeiro, nem nosso estado e sua precária realidade. Não conhecem as necessidades básicas da população, porque imaginam que todo idoso do estado do Rio de Janeiro seja como o Luiz Paulo, que é deputado e pode pedir tudo por telefone, para ser entregue em sua casa. Mesmo assim haveria riscos, pelo processo de entrega e até pelo fato de se manipular as próprias compras, quando chegam. Não está ninguém absolutamente seguro.
O voto é direito do parlamentar
O voto, certo ou errado, é direito sagrado do parlamentar. Se o deputado votasse com experiência em cada uma das áreas, seria o homem perfeito. É impossível querer que o deputado seja comerciante, empresário, médico, engenheiro, dentista, todas as profissões numa só. Ele tem que votar de acordo com sua sensibilidade política, de acordo com sua perspectiva ideológica e de acordo com o máximo de informações que possa colher sobre cada um dos temas. Assim faço e garanto que assim faz a maioria.
Precisamos impressionar pela sensatez
Mas são sempre preferíveis e mais fáceis, na sociedade dicotômica em que estamos vivendo, os rótulos. Rótulos impressionam, radicalizações impressionam. Quero ver impressionarem pela sensatez, bom senso, equilíbrio, análise fria, análise metódica. Assim, poderíamos dar à população, de fato, a cada momento, aquilo do que ela precisa.