Os tempos de radicalização que vivemos estão nos aprisionando a uma lógica binária completamente equivocada, porque não aponta saídas. Os dois lados usam o ódio e o medo como paralisantes. E levam também a desacertos que transformam o Brasil, o Rio de Janeiro e nossa capital num campo de guerra onde a derrota é de todos. É preciso encontrar soluções que não se baseiem nem no ódio nem no medo.
O Brasil, assim como o Rio de Janeiro e sua capital, são grandes demais para ficarem presos a esses dois extremos. No caso do Brasil, os lançamentos prematuros de pretensa eleição presidencial, só têm levado a discussões infrutíferas. É um extenso número de pré-candidatos, inclusive o próprio presidente da república, que faz questão de afastar todos aqueles que se aproximam dessa pseudoposição de centro-direita, estigmatizando-os para não fazerem sombra a ele, Bolsonaro. Tornou-se o seu pior e mais severo adversário. No meu entendimento, corre o risco de chegar aos índices de Dilma e Temer.
Essa precipitação eleitoral faz com que ninguém governe nem tampouco se construa qualquer aliança.
No Estado do Rio de Janeiro, o governador talvez nem consiga pagar a folha de pessoal no primeiro semestre de 2020. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, marcou para 20 de novembro o julgamento da liminar concedida pela ministra Cármen Lúcia na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4917, que suspendeu dispositivos da Lei 12.734/2012 que preveem novas regras de distribuição dos royalties do petróleo. Se até lá, o presidente do Supremo, não retirar de pauta essa liminar, acabou o governo do Estado do Rio de Janeiro, e a pré-candidatura prematura do governador a presidente também acaba.
Este é momento de os governantes governarem, das oposições fazerem oposição, para muito mais tarde discutir-se quem serão os candidatos. A precipitação de candidaturas leva a antagonismo cada vez mais radical, e os governos tornam-se cada vez mais enfraquecidos.
Enquanto isso, basta um olhar para as finanças públicas do Estado do Rio e do Brasil e constata-se que os rombos financeiros são estratosféricos. Fica a impressão de que os governantes ou são obtusos na sua forma de olhar números, ou se alienam e vivem como se estivessem no mundo de Alice no País das Maravilhas, onde o autor, pela boca de um personagem, diz o seguinte: “Se tivermos diversos caminhos a escolher, qualquer caminho serve”. Só podia ser uma brincadeira. Trezentos anos antes, Shakespeare fez outra afirmação: “Quando não sabemos o caminho, qualquer caminho dará errado”. É como estão nossos governantes.
O caso da capital é um capítulo à parte. Com uma eleição mais próxima, faz-se tudo com o olho no calendário. Trataremos disso em outro momento. Mas, de novo, são assim nossos governantes.