A Amazônia merece atenção, dedicação, investimento
amazon_branche_dawn_975771_Foto de David_Riano_Cortes_no_Pexels

A Amazônia merece atenção, dedicação, investimento

por Luiz Paulo

Em relação às muitas crises que nosso país e Estado vivem, o tema que se destaca é a série de queimadas que atingem a Floresta Amazônica. E eu só queria algo muito difícil no Brasil em que vivemos: apelar para o equilíbrio e o bom senso.

Sabemos que na Floresta Amazônica cabem 40 países europeus, ou seja, é território imenso que vem sendo assolado por desmatamentos das mais diversas naturezas: oriundo da expansão do agronegócio, do garimpo, de assentamentos e do comércio irregular de madeira. Associam-se a isso, no período da estiagem, muitas queimadas e incêndios, alguns por descuido, em função de pedaços de ponta de cigarro ou de fogo que é atiçado para queimar determinada substância e se alastra, outros incêndios criminosos, forma primitiva de apressar o desmatamento. Numa área dessa dimensão, há grande dificuldade para efetiva fiscalização. Esta questão atravessa diversos governos e, evidentemente, cada vez com mais intensidade.

A região amazônica, somando todos os estados, teria quase 20 milhões de habitantes. É uma população de grande dimensão. De forma isolada, nem a Polícia Federal nem o Ibama têm condições de fiscalizar, por isso o apoio do Exército é fundamental. E isto vem ocorrendo também ao longo dos anos. Mas ocorre que esse controle deve acontecer com investimento em ciência e tecnologia, através de radares, de imagens que venham a detectar o desmatamento, onde ele ocorre, com o radar dando as coordenadas geográficas que, passadas pelo Inpe a um órgão de segurança, como o Exército, com condições, através de avião, helicóptero etc, de chegar àquele local, e tentar conter o fogo e prender os que estão promovendo o desastre ecológico.

 

A Amazônia merece atenção, dedicação, investimento 1

A questão amazônica precisa de enfoque especial, todos os dias do ano, o que não vem ocorrendo. O erro do presidente da república e de seu ministro é que, com as falas que fizeram, ao longo desse tempo, sinalizaram que as pessoas podiam avançar no ataque à Amazônia. E elas o fizeram. A tal ponto que desacreditou-se, inclusive, o órgão de controle que analisa as imagens – o Inpe.

O fato ganhou repercussão mundial e travou o agronegócio. Se o continente europeu resolver não comprar, por exemplo, a soja do Brasil, será um desastre econômico. Ficaremos com um único comprador – a China, além de propiciar aos Estados Unidos vender para a Europa. Nosso PIB ainda está equilibrado devido ao agronegócio. O próprio agronegócio está profundamente assustado com esse desequilíbrio, pela verborragia, hoje existente, de ofensas sucessivas. Para culminar, o presidente da França é acusado aqui de esquerdista. Ao contrário, o presidente francês é um homem de direita, assumido e está tão mal em popularidade que quis assumir essa bandeira para ver se a melhorava. Mas sua esposa não poderia ter sido ofendida. Por que fazê-lo, se ela não é a mandatária da França? É uma comédia dos erros.

O povo francês tem com o povo brasileiro uma história cultural muito rica, através dos tempos, para ser manchada por dois chefes de Estado que sofrem de verborragia agressiva. O povo francês e o povo brasileiro estão acima disso.

É claro que queremos a nossa soberania, mas ninguém precisa insultar ninguém. Tenho reafirmado a mesma coisa para o parlamento. Podemos divergir na forma de pensar, na forma de agir, e entender que o parlamento é o local da contradição e nos respeitarmos mutuamente. Assim devem ser, principalmente, com os chefes de nação, que precisam tratar-se com respeito, cada um defendendo os interesses do seu próprio país.

A Amazônia é importantíssima para o Brasil. Não pelo conceito equivocado de que é “o pulmão do mundo”. O mundo tem muitos pulmões. É importante, principalmente, para o sul e sudeste do Brasil. Nosso regime de chuvas aqui se deve ao papel fundamental que faz a arborização de toda a floresta Amazônica, trocando carbono com o oxigênio, que formam verdadeiros rios São Francisco de água evaporada, que se transforma em chuva, para que tenhamos esse clima positivo. É importante para o Brasil e, evidentemente, que é importante para o equilíbrio das chuvas em outros continentes, e também nos países amazônicos – Peru, Colômbia, Venezuela e até a Guiana Francesa.

Então, é necessário esse equilíbrio. Não devemos tratar a região Amazônica como se fosse nosso pequeno quintal. Merece atenção, dedicação, investimento, merece tudo.

Tenho convicção de que, se plantássemos cinco bilhões de árvores no planeta, em curto espaço de tempo a melhoria climática iria ser fantástica, a emissão de carbono seria muito menos prejudicial ao meio ambiente, muito seria salvo.

Hoje, o equilíbrio do nosso sistema passa exatamente pela política de reflorestamento. E a Amazônia precisa de grande política de reflorestamento.

Deixe um comentário