por Luiz Paulo
“Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão…
Eu passarinho!”
Mario Quintana
De CH (Caderno H – 1973)
Procurado em plenário por alguns deputados que me questionaram sobre informações jornalísticas recentes de que, no próximo sábado, na sede do PSDB-RJ, no Jardim Botânico, será anunciado o candidato a prefeito da legenda, em 2020, gostaria de esclarecer que o novo endereço anunciado não é da sede do PSDB. Esta fica na Cinelândia. Trata-se da casa do presidente interino, que se originou de golpe engendrado pelo governador de São Paulo, Dória, com o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo fazendo a dissolução do Diretório Estadual do RJ e colocando, provisoriamente, o Sr. Paulo Marinho, na presidência. A questão é tão pessoal que a casa vira sede. Os deputados têm curiosidade sobre o novo personagem surgido, subitamente, na política do Estado.
Quero registrar que a direção eleita democraticamente e dissolvida arbitrariamente está na Justiça para anular esse ato ditatorial.
Mas continuemos. O PSDB tem no Rio de Janeiro dois parlamentares: a deputada Lucinha e eu. Este foi ato de força, de violência. Expulsam-nos do partido. Candidato a prefeito é escolhido em convenção. Mas, agora, o “Novo PSDB” o escolhe na casa do presidente. Fantástica aula de democracia e correção política, por antítese.
Mas a curiosidade dos nossos colegas continuou: quem será esse novo personagem? Não tenho a menor noção. Pode ser qualquer nome, porque o PSDB do Rio de Janeiro e do Brasil, por orientação do governador Dória, deixou de ser social-democrata, já que ele foi eleito em campanha aliado com o então candidato Jair Messias Bolsonaro.
Posso imaginar qualquer coisa, inclusive o deputado Rodrigo Amorim, porque, hoje, o novo PSDB – que de novo só tem o rótulo – está mais próximo do PSL do que de qualquer outro partido. O tom de pilhéria é, na verdade, de indignação.
Vamos ao passado: ingressei nesse partido em março de 1993. São vinte e seis anos. Jamais vi esse partido tão achincalhado, tão vilipendiado, tão destruído. Transformou-se num palco de ambições políticas pessoais. Desfez-se como partido. Diz-se “novo”, mas só pensa na eleição presidencial do Sr. Dória, que nem completou o seu ciclo de governo no Estado de São Paulo, como também fez na prefeitura paulistana. Que os paulistas não esqueçam esse passado que aponta os rumos do futuro.
São decepções cada vez maiores. É inimaginável o que está acontecendo por meio de golpe. Reitero que uma das minhas características é jamais me conformar com golpistas. Eles merecem sempre o nosso repúdio, porque aquele que se conforma com pequenos golpes mais tarde não conseguirá abrir a boca, quando acontecerem os grandes golpes, com a supressão do tão suado, acalentado regime democrático que vivemos neste país e queremos manter.
PSDB quer dizer Partido da Social Democracia Brasileira, a não ser que vá querer – já que é um partido novo, liberal e neoliberal – mudar de nome e ser o partido dos golpistas. É a minha sugestão para oficializar o comportamento.
É lastimável a destruição de um partido a partir das decisões das instâncias superiores, o que não começou hoje. Começou lá atrás, quando o PSDB adesista foi para o governo Temer, para o governo Crivella, e, recentemente, levou seu adesismo para o governo Wilson.
Mas nós continuaremos em nosso processo de resistência, mostrando que cairemos de pé. E esse cair é no sentido de fênix, para se continuar com mais força, com mais vigor, para continuar a luta, e reafirmando que os golpistas não passarão.