por Luiz Paulo
Nosso país vive momento absolutamente inusitado e que causa perplexidade. Vamos aos fatos.
O Presidente da República resolve legislar por decreto e, sucessivamente, os decretos são revogados, ou no âmbito do Congresso Nacional, ou no âmbito do Supremo Tribunal Federal.
Na leitura do relatório da reforma previdenciária, foram retirados estados e municípios, o que, sob a ótica de estados e municípios, seria uma tragédia, porque as Câmaras e Assembleias Legislativas teriam que aprovar novos projetos encaminhados pelos Executivos. Isso representará uma mixórdia de legislações absolutamente díspares.
Concomitantemente, o tema que domina a internet, especificamente o Twitter, são as ações dos hackers nos celulares de diversos membros do Poder Judiciário e do Ministério Público. Discute-se tal fato com absoluta normalidade, como se entrar no sigilo telefônico das pessoas fosse algo normal.
Ao mesmo tempo, essa questão polariza-se cada vez mais, chegando até aos campos de futebol, como verificamos no estádio Mané Garrincha, quando inseriu-se no contexto de uma partida de futebol.
As posições são cada vez mais contraditórias e apaixonadas. Insisto em que é necessário que, pelo menos a classe política, guarde razoabilidade e racionalidade nos seus pronunciamentos, para que possamos encontrar saída para essa crise, agora institucional, em que vive o Brasil. Se as instituições não funcionarem, o país entra de vez em colapso e as projeções econômicas já são muito ruins. O crescimento do PIB esperado já não atinge mais um ponto percentual. Se a crise entre os poderes se aprofunda, quem paga o preço é a população, enquanto os detentores do poder vão ficar em discussões semânticas sobre onde reza o bom direito.
Destaco aqui minha preocupação com o momento que vivemos. Combater a corrupção é dever de todos nós, andar nos ditames das leis é dever de todos nós, apoiar o preceito de que ninguém está acima da lei é dever de todos nós. Neste momento, nosso lado deve ser o bem-estar social da nossa população, mas não é isso que observo. Vê-se cada um cuidando do seu projeto futuro de poder e não da questão mais fundamental – consertar nosso país, o que passa por todos os partidos políticos, sem exceção.
Peço uma reflexão. A questão central do país não é se Moro e Dallagnol são inocentes ou culpados. A questão central é o respeito à Constituição, é o respeito à lei e que os corruptos realmente sejam punidos, como têm sido. Se a corrupção e a má gestão diminuírem, melhora-se a eficiência e eficácia da gestão pública e das políticas públicas de que a população tanto necessita.