Trabalho duro e urgente nos aguarda
O Rio viveu situações bem conflituosas já em suas origens: em 1555, os franceses nos queriam como colônia, mas aí vieram os portugueses, em 1564, expulsaram os invasores para eles mesmos nos colonizarem, tendo resolvido fundar uma cidade fortificada. Segue a história com Estácio de Sá aqui aportando em 28 de fevereiro, entre o Morro Cara de Cão e Pão de Açúcar. No dia seguinte, 1º de março de 1565, fundou oficialmente a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
De lá para cá, muita coisa aconteceu. E o Rio chega agora aos 453 anos, neste ano da graça de 2018. Em plena crise financeira, política, de gestão, com princípios e valores sendo revirados do avesso e a população literalmente perdida entre falência nacional, estadual e municipal. Políticas públicas prioritárias como segurança pública, saúde, educação, habitação falidas, com vidas perdidas em meio à violenta insegurança que invadiu ruas e casas e a falta de assistência decente na saúde. Além do comprometimento do futuro pela falta de qualidade na educação. Parece ruim e é mesmo.
No entanto, são 453 anos. E aproximadamente 7 milhões de cariocas, nativos ou não, que aqui moram, fora os que aqui trabalham, estudam ou visitam a tão celebrada Cidade Maravilhosa, hoje abalada por muitas desventuras. Se não temos muito a comemorar, temos muito a fazer.
A tragédia que se abateu sobre nós, brasileiros, fluminenses e cariocas, nos obriga a repensar nossas decisões e a fortalecer ações que visem à fiscalização e punição de quem, tendo responsabilidade pública, não a honre. Precisamos colaborar na correção do rumo. Ao decidirmos a quem dar o poder de gerir políticas públicas, com recursos oriundos de nossos impostos, e também ao escolher nossos representantes devemos pensar com cautela, avaliar a qualidade das pessoas e seus projetos. Não é mais possível decidir sem reflexão, ou baseados em ofertas milagrosas de qualquer tipo. Mudanças podem ocorrer, mas serão por participação, muita conversa, fiscalização permanente e decisão consciente.
Devemos, nesta data, cuja festa está bastante prejudicada pelo clima de desesperança que nos abate, simplesmente pensar que é possível recuperar o Rio para todos nós. Nossas belezas naturais não devem ser as únicas a serem cantadas em prosa e verso. Precisamos agir para acrescentarmos a elas a beleza de nossa cultura, políticas de educação, saúde, segurança, habitação com a qualidade merecida por todos que aqui vivem. Trabalho duro e urgente nos aguarda. Mas o resultado de nossa ação será que o Rio seja plenamente a Cidade Maravilhosa.