Terça-feira, 12 de Janeiro de 2016
O dia 12 de janeiro de 2016 vai terminar? Parece 2015, que continua aí.
Texto: Javier Gomez Luengo
O governo do Rio de Janeiro atira para todos os lados, mas acerta, fundamentalmente, nos cidadãos fluminenses e servidores. É incrível a incapacidade de planejar suas ações de forma a, pelo menos, não mexer sem dó nem piedade na vida das pessoas, provocando instabilidade e acirrando ânimos. Vamos aos fatos.
Em um tempo bem curto, conseguiu produzir algumas pérolas que acabarão entrando nos anais de como não gerir o Estado: na véspera de pagar a segunda parcela do 13º aos servidores, avisou que o faria em cinco vezes, mas que seria possível antecipar o recebimento por empréstimo que o Estado se encarregaria de pagar os juros. Bem, na atual situação de desconfiança e demonstração de incompetência, esta é, sem dúvida, uma jogada de risco. Não parou aí e atrasou o calendário de pagamentos também sem permitir às pessoas um mínimo de planejamento; se viram com contas vencendo antes de receberem o que lhes era devido. Um desrespeito. No dia do pagamento, com a corrida natural aos bancos, percebe-se que uma parte dos que estão na ativa receberam, outras não, pensionistas e inativos só ao final do dia, mas não se sabe se todos. Só que todos sabiam que nesta terça, 12, era o dia do pagamento. O mais impressionante foi a completa ausência de explicações. Há governo?
Matéria do Extra às 17 h registra o caos.
Mas este dia ficará mesmo gravado na mente de todos, porque está em elaboração Lei de Responsabilidade Fiscal, para incluir aposentados e pensionistas nos gastos de pessoal (hoje, são fontes diferentes), o que levaria, inevitavelmente, a congelamento de salários e impedimento de concursos públicos, devido ao limite constitucional de 60% para gastos de pessoal.
Até que ponto a desordem administrativa pode ir? Neste caso, leva a propostas que atingem aleatoriamente pessoas, instituições e políticas públicas.
O mais triste de tudo isso é que as discussões são falhas, a informação é ruim, o desrespeito grassa, a desconfiança aumenta e a desesperança se instala.
Onde está o planejamento, a capacidade técnica para enfrentar as terríveis dificuldades que o Rio vem passando, a transparência na ação e a rápida mobilização para resolver problemas e dar explicações? Ficou lá presa nas malhas das mentiras construídas para ganhar as eleições em 2014. A tragédia nacional se une, num beijo da morte, à tragédia fluminense.